sábado, 11 de junho de 2011

É apenas um passeio


"O mundo é como um passeio em um parque de diversões, e quando você escolhe entrar neste passeio você acha que é real, pois nossas mentes são poderosas a esse ponto. O passeio vai para cima, para baixo, rodando em círculos, possui emoções e arrepios, e é brilhantemente colorido, e muito barulhento e divertido por muito tempo. Algumas pessoas ficam neste passeio por muito tempo, e eles começam a se perguntar, "Hey, isso é real  ou somente um passeio?”E outras pessoas se lembraram, elas se voltam para nós e falam "Não se preocupe, não tenha medo, nunca, pois é apenas um passeio". E nós... matamos estas pessoas. "Cale a boca! Eu investi muito neste passeio! Cale a boca! Olhe para os meus sulcos de preocupação! Para a minha grande conta bancária!  E olhe para a minha família! TEM de ser real!". É apenas um passeio. Mas sempre matamos os mocinhos que tentam nos dizer isso, já parou para notar? E deixamos os demônios passeando por aí... Mas não importa, pois é apenas um passeio. E podemos mudá-lo quando quisermos. É apenas uma escolha. Sem esforço, sem trabalho, sem economizar dinheiro. Apenas uma escolha simples, entre amor e medo."


- Bill Hicks (1961 - 1994)

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Fluir


Primeiramente gostaria de dar um sincero "Perdoem-me" ou algo assim, pela minha falta de atividade neste blog. Não tenho tempo, ou melhor, relatividade de tempo para escrever contos ou outros textos, preciso pensar, sim, é o que mais preciso. Mas o show tem que continuar, e aqui estou escrevendo mais sobre as coisas.
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Dez às duas da manhã ela se encontrava sentada em um pequeno banco de madeira rubra, que mal podia ser um terço de seus pequenos cento e vinte centímetros de altura. Sentava-se perto da janela embaçada de mais uma tardinha fria de terça-feira. Olhos castanhos distantes, como dois poços sem fundo, procuravam por algo, mas o que seria? Olhava quieta, debruçada na janela de vidro, embora sua mãe achasse perigoso, não ligava, já era espertinha demais para seguir sua mãe, ou pelo menos como ela dizia "Não sou mais criança, mamãe!".
E naquela pequena alma incontrolada. Havia um conflito, uma tristeza, rica em detalhes, em alma, em música. O espetáculo estava para começar. Ela fechava os olhos, sentindo que estava vindo, quando abriu, viu um pouco de seu passado em movimentos tão suaves e delicados. Esfregava a manga de seu casaco de moletom listrado, bordado por sua avó com seu nome escrito, para poder ver melhor o espetáculo de almas. Vizinha de sua casa, lá estava seu sonho, uma academia de ballet, é o que ela observava em seu silêncio religioso. Tão perto, mas tão longe, ela via, chorava, pensava e repensava, em ser, em estar na mente das alunas que observava, pelo pequeno vão de vidro que dava visão para mais uma sala de aula. Sentia como se pudesse estar ali, como se cada aluna fosse uma parte dela. Atenta, seguia os passos da professora, em sua mente, pois não podia se mover, não se mover tanto.
Por razões de um problema na coluna, o sonho agora jazia deficiente, mas não perdido. Em sua pequena mente simples, porém complexa. Se via vestida em seu traje de ballet preferido, seguindo os movimentos como um anjo em pleno vôo, tocada pela emoção, pela divindade ela chorava, por alegria e tristeza ao mesmo tempo. Sentia-se leve, como uma pétala ao flutuar sob o aroma de uma rosa assoprada pelo vento frio daquela tarde, por um momento, talvez, sentia-se si mesma, focando mente, corpo, em um lugar só, em um corpo, um só componente. Não havia casa, janela, banquinho, academia ou qualquer coisa material. Havia o espírito, a música, a alma, a felicidade, a união. Fechava os olhos, ouvia, sintonizava a música. "Seria essa a quadragésima sinfonia de Mozart?" ela se perguntava o gosto não importava o artista, não importava. Não existiam. Em sua própria realidade que ela distorcera, ela encontrou seu verdadeiro eu, em sua dança, estendeu suas asas e por alguns instantes, se sentiu como um pássaro a voar mundo a fora, explorando seu subconsciente, sua alma, seu ego.
"Anna ? Já estou em casa !"
Levou um susto, quase caindo de seu banquinho. O que tinha acontecido? Onde estão minhas asas? Enxugou suas lágrimas com as mangas do seu casaco e logo reconheceu que as bailarinas já tinham saído de lá, faz tempo. Era plena madrugada de quarta-feira, e sua mãe chegara do trabalho. Ignorou toda experiência que havia explorado e correu aos braços da mãe, abraçando ela, em seu colo, como se nunca mais fosse soltar. As duas ficaram desse jeito, por um bom tempo, ela precisava depois de tudo aquilo, de um conforto, de um abraço apertado para esquentá-la naquele friozinho inexistente de uma madrugada sem fim.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Anima

Era só mais uma tarde, como sempre. Uma tarde chuvosa, o céu completamente esbranquiçado, o sol mal se agüentava diante das nuvens carregadas. E lá estava eu, em meus devaneios, caminhando por cinzas e rachaduras, cheias de insônia e abandono. Com aquele ar de luxúria e suor, que quase sempre me pegava tapando o nariz, só para não me lembrar do desprezo que sentia com aquele cheiro, me lembrando de como as coisas nem sempre foram assim. Mas havia algo que me fazia feliz, a cada passo que eu tomava. Que me deixava sereno, lavando meus pensamentos de ódio e angústia de lado, como se por alguns momentos eu fosse abduzido, pelos meus pensamentos. Sentia-me leve, meu corpo estava em um piloto automático, dando passos para algum lugar, que nem eu sabia onde estava indo. Já não tinha mais noções de tempo, de espaço, meus olhos estavam fechados, e, naquele momento, minha mente estava aberta. A chuva, ah, a chuva. Levando meus pensamentos em gotas infinitas, transformando aquele aroma fétido em orquídeas, e amor. As cinzas em ouro, e as rachaduras em pontes, pontes que eu sabia que podia atravessar. Talvez eu seja o único a apreciar a natureza de tal forma, será que alguém, em alguma parte do mundo, consegue por algum momento sair do próprio corpo? Transformar a realidade, com um simples pensamento?
Não, não faço idéia, não tenho idéia de absolutamente nada. Comecei a ver, não com os olhos, mas com a pele. As gotas geladas da chuva, eu sentia, eu amava. Tudo tinha certa sensualidade, melodia e amor. O barulho sereno das gotas batendo no chão acalmava uma cidade de cães raivosos. Os carros já não me incomodavam tanto, afinal, eu estava no momento da ascensão da minha alma. Será que alguém tinha notado aquilo tudo? Estavam me achando completamente sem sanidade mental? Eu não ligava, nem muito menos notava a existência de mais alguém, não no meu lugar.
Me encontrei encantado, um perfume de fruta, talvez morango, ou pêra, se misturava ao da chuva, me hipnotizava, me cativava, me atraía. E então veio o choque, literalmente. Enquanto estava voando, me esqueci que ainda tinha um corpo, não habitado. Senti uma dor, no meio da minha testa, como se alguém me golpeasse com uma pedra bem grande, eu abri meus olhos, vi uma figura. Estava meio distorcida, meus olhos estavam embaçados por causa de tal choque. Eu acho que acabei de simular, em meus próprios conceitos, uma experiência de morte, não de dor, ou de ser ceifado pela morte. Mas sim, o que vem depois, de tanta dor, de tanta mortalidade. Mas de alguma maneira, eu ainda estou vivo. "Como?" Eu me pergunto. "Por que ainda estou vivo? Isso tudo foi uma ilusão? Eu ainda estou vivo? Ou estou morto?". Chego a essa conclusão, não estou vivo, nem morto, assim que eu nasci já comecei a morrer. Somos eternos, toda dor, é uma ilusão, e raramente nos lembramos do que veio antes desse momento tão precioso.
E então o perfume ficou, cada vez mais forte à medida que a figura se levantou, soltando um leve "Ai". E estendendo a mão para me levantar.
-Você está bem? Desculpe-me, eu ando meio desastrada esses dias, você não se machucou certo?
Era simplesmente, a voz mais suave, charmosa, ao mesmo tempo em que era atrevida e fina, que eu já ouvi.
Permaneci calado, apenas apoiei minha mão para me levantar, ignorando a ajuda daquele tal espectro.
Abri meus olhos, o que eu vi? Eu vi a vida. Era uma jovem, de cabelos castanhos, meio alaranjados e amarelados, talvez pintados nas pontas. Tinha os olhos escuros como fumaça, mas quando o sol clareava seu rosto, pareciam ser da cor de mel. Acho que fiquei mais ou menos uns 5 minutos olhando fixamente pra ela, e ela fazendo o mesmo. Sem nenhuma palavra, apenas examinando, cada detalhe, analisando o momento, depois de tal surpresa.
Quando o vento, com o cheiro da chuva soprou em seus cabelos, o perfume foi ficando mais forte, e eu fechava os olhos, sentindo ele me levando para outros lugares.
E ela? Ela sorria, parecia não se importar, sendo que, qualquer um em sã consciência já teria fugido de mim. Não sei exatamente o que experimentei se primeiramente foi dor, e agora, estou em meu paraíso. Mas sei que alguma coisa nela me chamou a atenção, alguma coisa nela era diferente. Sem dizer uma palavra, eu estendi minha mão, olhando fixamente para os olhos dela, ela apertou forte, sem hesitar, sua pele macia e perfumada, parecia estar me chamando, só me falta dizer que estou me ascendendo de novo. A chuva sempre me fez ver as coisas de maneiras diferentes, até mesmo malucas. Mas eu não esperava sentir algo tão belo, e existente, quanto aquele perfume.
Ela me disse o seu nome, o qual não faço a mínima idéia de lembrar, estava muito ocupado tentando descobrir se ela era real, não parecia, era perfeito demais. Às vezes o perfeito me dava medo, mas naquela hora, me deixava atraído.
Eu não consigo me lembrar, de nada, nada que ela me disse, apenas de como ela era. Passamos horas conversando, mas não me lembro de ter dito uma palavra sequer, eu devia ter escrito tudo, mas eu esqueci minha caneta. Não existe um momento em que eu não me lembre daquele anjo temporário, quando vejo as nuvens carregadas, me pego falando sozinho, se ela simplesmente não vai descer do céu para me ver de novo. Mesmo que nossas testas batam novamente, a cada passo, ainda acho que consigo encontrá-la, no meio dessa mesma bagunça, daquele mesmo cheiro desagradável, que ela transformara em rosas e pêras, e morangos com leite e mel.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Introdução ?


Queira eu saber por onde começar, por "Porque criei esse blog?" ou "Quem sou eu?" ou apenas dizer um olá, boa tarde, seja bem vindo. Mas, não, prefiro dar minhas razões, será algo difícil, mas procuro dar o meu melhor. Nem eu mesmo sei quem sou não inteiramente. E é isso que, até mesmo aqui tento descobrir. Eu poderia começar me descrevendo, eu acho, como alguém que andou por constantes mudanças, uma metamorfose sem fim, como preferir, nem todas elas foram transformações tão boas, mas aconteceram. Passando por todas elas, e ainda por muitas outras. Contar a minha história, mesmo com meus "poucos" anos de vida, acho que até pelo tempo de uma vida eu não acabaria de escrever sobre os meus 13/14 anos, sim, foi um período de transição, um período que eu conheci muita coisas, muita coisa da qual eu já tinha me esquecido, muita coisa da qual eu já não era mais capaz de sentir, até acontecer algo inacreditável, talvez meus próximos textos sejam indiretas, sobre o que exatamente aconteceu, mas por aqui, vou me descrever um pouco. Me chamo João Pedro, e tenho um grande coração (Não é algo muito comum de se dizer tão abertamente, é?)
Adoro ajudar as pessoas, ver tudo e todos com um sorriso no rosto, aprendi que sorrir é um remédio para a alma, em uma de minhas transformações, quando encontrei minha felicidade. Preocupo-me com os outros, com a natureza, com o mundo, apesar de que sempre quero ir mais além. Não paro de me perguntar, de me perguntar sobre tudo, sobre o que sou o que me tornei como isso tudo aconteceu pra mim, como as coisas funcionam, porque funcionam, tantas perguntas com respostas óbvias, ou até mesmo, complicadas, dependendo do seu ponto de vista.
Sou extremamente sensível, frágil, pode-se dizer que choro por tudo, mas por causas que me afetam, que me tocam bastante. Sou alguém que é o que sente, que deixa os seus sentimentos tomarem suas decisões, algo que me leva a não desistir, mas também, me leva a sentir tudo de maneira excessiva. Amo demais, choro demais, critico demais, e amo demais tudo isso.
Fascinado pela música, pela ciência, pela psicologia, astrologia, isso tudo, de certa forma, envolve um universo. O dos sentidos, das estrelas, dos planetas, da vida, da paz, do amor, da mente. Não tem como não se sentir em certa perda de peso, como se fosse voar, ao compreender nosso universo de tantas formas diferentes. E é isso, que estou determinado a fazer, a me conhecer, a conhecer o universo, de todas as maneiras possíveis, e, além disso, formar isso tudo em uma unidade, uma conexão. Através de meus textos, de meus sentimentos, procuro a minha única forma de unir corpo e alma.